Será que comprar fatos de banho feitos a partir da reciclagem de plástico é sempre uma boa opção?

Recentemente, muitas marcas estão a desenvolver roupa de banho produzida a partir de garrafas de plástico. À primeira vista esta até pode ser uma ótima opção, certo? A resposta não é assim tão simples.

A época balnear já começou, o que significa tempo de férias e para aproveitar os fins-de-semana numa tarde de praia ou na piscina. Aposto que estás a verificar as últimas tendências, o que assenta melhor e a preparar uma atualização na roupa de banho. Porém, uma das grandes questões que deveria estar na tua mente é: “como encontrar uma peça boa para as pessoas e para o planeta?”. Certamente que estás na dúvida entre conjugar o que é bonito, com outros fatores, como a qualidade e o preço.

No mundo ideal, não existiria roupa nenhuma produzida através de materiais sintéticos. Contudo, atualmente, mais de 60% das nossas peças de roupa são feitas de materiais sintéticos, vulgarmente podemos dizer “à base de plástico”.

A roupa de banho, onde se incluem biquínis, calções e fatos de banho, todos são tipicamente feitos de elastano, poliéster, nylon, etc. – materiais sintéticos. No entanto, surgiram recentemente muitas marcas a desenvolver roupa de banho produzida a partir de garrafas de plástico recicladas. À primeira vista, esta até pode ser uma ótima opção, certo?

A resposta não é assim tão simples. Não é totalmente errado, mas não é uma solução para o problema. As marcas têm aqui um desafio fundamental, o de perceber o seu impacto no ambiente e encontrar formas para diminuir e gerir esse mesmo impacto.

A produção de fatos de banho com garrafas de plástico, impede a capacidade de determinada peça ser reciclada novamente. Transformar garrafas em peças de roupa, não vai “salvar o produto final de um aterro”, como muitas marcas afirmam. Mas permite dar uma nova vida a garrafas de plástico que ficariam num aterro a decompor-se durante anos, é aqui que surgem muitas dúvidas sobre o que é certo ou errado.

É necessário algo que possa ser reciclado muitas vezes e que, transformando-o num qualquer produto possa continuar a ser reciclado no seu fim de vida, mas nem sempre isso é possível devido às restantes matérias-primas utilizadas.

Também não se pode julgar as marcas que produzem fatos de banho a partir de garrafas de plástico, ou dizer que se trata apenas de uma estratégia de Greenwashing. Desde que as marcas comuniquem de forma honesta os seus valores e objetivos: como se desenvolve todo o processo de produção; as matérias-primas que fazem parte da composição da peça; esclareçam o consumidor sobre a melhor forma de lavar e guardar o produto, é mais simples de interpretar e justificar terminologia “sustentável” que possa ser utilizada pela marca. Se a marca disser que pretende “diminuir” o seu impacto no planeta, também não estará a mentir, significa que se encontra a desenvolver a fórmula que considera correta para que isso aconteça, mesmo que tenha consciência de que há muito para fazer ainda. Agora, se uma marca assumir ser ‘100% sustentável’ e não apresentar dados concretos das suas ações, aí é motivo suficiente para deixar o consumidor desconfiado sobre práticas de greenwashing.

Independentemente de tudo, nós, os consumidores, não vamos deixar de comprar, seja por necessidade ou pela estética, mas podemos fazer escolhas mais conscientes e responsáveis.

Então, qual é a resposta à pergunta base deste artigo? Para começar, as marcas precisam de eliminar gradualmente a produção de materiais derivados de combustíveis fósseis.

Enquanto esperamos que o plástico seja totalmente substituído, há muitas empresas a trabalhar em soluções para encontrar uma alternativa viável.

Em primeiro lugar, a melhor maneira de seres mais consciente é usares o que já tens e evitar comprar algo novo. Como nem sempre é possível, deixo-te um conjunto de sugestões para quando estiveres a escolher o teu biquíni/fato de banho perfeito:

  • Opta por marcas “Made In Portugal”.
  • Verifica as matérias-primas e certificações (consultar a etiqueta).
  • Opta por marcas que aproveitam sobras de tecidos.
  • Durabilidade: produtos com resistência ao cloro, água salgada e aos cremes e óleos bronzeadores/protetores solares.
  • Interpreta o que dizem as marcas sobre a gestão do impacto no ambiente: pouco consumo de água, energia e tingimento com processos responsáveis.
  • A segunda mão pode ser sempre uma solução, no entanto, quando se fala de “swimwear”, a higiene é uma questão fundamental e nem sempre vale a pena o risco devido ao estado das peças – deves ter segurança e cuidado.

Em alguns dos próximos artigos vamos apresentar-te algumas marcas portuguesas do segmento “beachwear” em que vale a pena investir.