Blazer: a intemporalidade e o lado feminino da peça-chave de algumas marcas portuguesas

A luta pelo empoderamento feminino e a introdução da mulher no mercado de trabalho, na segunda metade do século XX, deu origem a mudanças políticas e culturais, incluindo na moda, onde se destacou uma peça de roupa: o BLAZER.

A luta pelo empoderamento feminino e a introdução da mulher no mercado de trabalho, na segunda metade do século XX, deu origem a mudanças políticas e culturais, incluindo na moda, onde se destacou uma peça de roupa: o BLAZER. Neste artigo apresento-te a história desta peça de vestuário, várias formas de a usares e, na segunda parte do artigo vou mostrar-te algumas marcas portuguesas onde podes encontrar o blazer ideal: Oh, Monday!; Nazareth; Empatia; Gabriela Baptista.

A moda é arte, cultura, política, economia… mais do que um estado de espírito, é poder ser o que quisermos! Na FashionHub caracterizamos a moda sob este ponto de vista. Todas as pessoas têm uma história, as peças de roupa também e são como um termómetro da sociedade, distinguem diversos acontecimentos, culturas e alterações de paradigma. É por isso que a Moda é cíclica e, por vezes, intemporal, assim como a história da sociedade que, sob determinadas perspetivas, também passa por transformações de forma cíclica, seja no panorama económico, social, político, bélico, etc.

A segunda metade do século XX foi uma das mais interessantes relativamente ao crescimento da moda e ao que ainda hoje se usa. A luta pelo empoderamento feminino trouxe, por exemplo, a minissaia, pelo pensamento crítico da estilista Mary Quant, mas também foi a época em que a introdução da mulher no mercado de trabalho originou uma mudança numa peça de roupa em especial: o BLAZER.

O blazer é uma peça de vestuário que surgiu no Reino Unido em 1837, como um dos essenciais imprescindíveis do guarda-roupa masculino. Aliás, a História conta que o  blazer começou a ser utilizado pelos remadores dos clubes navais de Oxford e Cambridge, no século XIX. Era um casaco largo, equivalente aos atuais corta-vento, que servia para proteger os atletas do frio, durante os treinos e as corridas.

A moda feminina sempre foi muito rigorosa, as mulheres tinham de se vestir de forma a realçar a cintura com espartilhos apertados, diversos pormenores nas saias, vestidos e chapéus, que eram um dos adereços mais usados naquela época. O blazer foi associado a um universo mais conservador, formal e que acabou por ser um elemento para caracterizar os homens na sociedade e o estatuto de “chefes de família”. Em 1930, Coco Chanel criou o primeiro modelo de blazer para o público feminino (ver imagem).

Primeiiro blazer feminino Coco Chanel | Daderot/Wikimedia commons

A partir das décadas seguintes, a peça foi introduzida em filmes e cada vez mais mulheres começaram a aderir “à moda” do blazer.

Com a inserção do universo feminino no mercado de trabalho, esta peça de roupa tornou-se parte do “dress code” para ocasiões mais formais e, desde então, a sua utilização popularizou-se.

As atrizes de cinema Audrey Hepburn e Marlene Dietrich tiveram um papel influenciador bastante importante para a repercussão deste novo estilo.

Com o passar do tempo, o movimento sufragista, que visava a luta das mulheres para alcançar na sociedade o seu espaço social e profissional aumentou e, entre os anos 60 e 70, Yves Saint Laurent trouxe uma nova peça para a sua coleção, o famoso “le smoking”. Esta versão foi apresentada pela primeira vez em 1966, e fez conjunto com uma blusa transparente e umas calças de corte considerado masculino, para a época. Este foi um forte sinal da mudança já consagrada na forma como as mulheres se vestiriam daí para a frente. E o “le smoking” tornou-se numa das peças emblemáticas da Maison de luxo Saint Laurent.

Modelo YSL | Hulton Deutsch – Getty Images

Atualmente, o blazer é considerado indispensável no guarda-roupa feminino, principalmente nas suas cores clássicas e mais sóbrias, como preto, branco e bege, principalmente quando ainda é associado ao mercado laboral. Porém, também depende da personalidade e gosto de cada pessoa, nem só de ocasiões deve viver o nosso guarda-roupa, o importante é que nos sintamos bem. Para looks mais descontraídos e modernos, os blazers coloridos cumprem a função de deixar a composição final mais alegre, ainda para mais ao misturar elementos clássicos com modernos, como exemplifica o look abaixo.

Para fazer a diferença, o corte do blazer ou a utilização de um cinto para conferir estrutura podem realçar o teu look. Combina o blazer com uma t-shirt branca e calças de ganga ou com outras peças em alfaiataria, e verifica como podes permanecer elegante nas duas propostas. No entanto, o blazer também pode trazer sofisticação conjugado com uma saia ou vestido.

O blazer é uma peça que assenta bem em looks tanto para o dia quanto para a noite, em infinitos ambientes como: restaurantes, saídas à noite, shoppings, reuniões formais e informais, passeios, aniversários, eventos, entre outras ocasiões. O nosso conselho é que uses  e abuses de um blazer em qualquer indumentária e que falhes com sucesso na missão de tentar encontrar um local em que seja inadequado vestir esta peça de roupa.

O design permite que elementos considerados masculinos entrem no universo feminino, como o oversized, que permite desconstruir looks sem perder sofisticação, aqui a moda sem género entra também em ação. Esta é uma das tendências mais comuns do streetstyle.

Agora que já sabes mais sobre a história desta peça de vestuário e tens algumas propostas de como o podes usar no dia-a-dia, passamos para a segunda parte deste artigo. Deixamos a sugestão de algumas marcas portuguesas do segmento feminino e com produção nacional, onde o blazer surge como uma peça-chave de intemporalidade e versatilidade.

Blazers de produção nacional

As marcas que se seguem fazem do blazer uma peça intemporal. As propostas podem perfeitamente ser utilizadas nas diversas estações do ano, porque devido às alterações climáticas torna-se cada vez mais difícil fazer essa distinção.

OH, MONDAY!

A Oh, Monday! é uma marca slow fashion fundada por Margarida Marques de Almeida, cujo objetivo é que as peças durem uma vida inteira. A produção é 100% Portuguesa e elaborada à mão por costureiras “experientes e focadas nos detalhes, com as melhores condições de trabalho garantidas e respeitando o impacto ao meu ambiente”, garante a marca. Outro dos valores da marca é ser feita para mulheres empoderadas, elegantes, fortes e dinâmicas e “acrescentar um sentimento de força e determinação que as faça sentir-se bonitas por dentro e por fora.”

website: www.oh-Monday.com

NAZARETH

A Nazareth é uma marca portuguesa fundada em 2013, por Márcia Nazareth. A marca produz em Portugal a partir de dead stock e, por isso, nenhum tecido se perde, todos se transformam.

O padrão às riscas é uma identidade das peças Nazareth. A marca segue empenhada na inovação, não só na criação e design, mas também na sustentabilidade e moda circular. A responsabilidade com os processos de produção, a cadeia de valor e no apoio-pós-compra, nomeadamente na reciclagem têxtil e arranjos, compõem o ADN da marca.

“For Gentle Women” – “Para Mulheres Gentis”, o lema da Nazareth é sobre empoderamento feminino, mas também a gentileza de comprar peças que geram menor impacto no ambiente.

website: www.nazarethcollection.com

EMPATIA

A fundadora e também diretora criativa da marca é Mafalda Sampaio que, inspirada pela sua ligação à moda através do estilo da sua mãe, desenvolveu uma marca que pretende ser um “veículo de empatia”. A marca portuguesa associa a moda a valores sociais, com produtos de alta qualidade, produção nacional, durabilidade, conforto e intemporalidade. As técnicas de design são desenvolvidas em busca do fit perfeito das peças de roupa, nomeadamente dos blazers que são uma das peças-chave da marca.

website: www.empatia-atelier.com

GABRIELA BAPTISTA

A marca caracteriza-se como a única portuguesa especializada exclusivamente em blazers femininos. Assente também em valores que prezam a produção nacional, a marca acrescenta uma vertente de inovação e personalização ao seu projeto.

Um dos pormenores que é considerado a identidade da Gabriela Baptista, é o facto do blazer possuir mangas ajustáveis. A fundadora da marca verificou que muitas mulheres gostavam de dobrar a manga dos blazers, mas que esteticamente o resultado não era o mais aprazível, pois notava-se muito o forro, assim surgiu a inovação da marca em desenvolver um blazer com manga ajustável.

website: www.gabrielabaptista.com