A sustentabilidade gera lucro para a indústria da moda

As conclusões de um novo estudo indicam que a procura por matérias-primas sustentáveis poderá exceder a oferta em 133 milhões de toneladas até 2030.

Um novo estudo de mercado realizado pela associação sem fins lucrativos Textile Exchange, a consultora empresarial Boston Consulting Group (BCG) e a consultora Quantis que atua na área da sustentabilidade explica que a procura por matérias-primas sustentáveis ​​poderá exceder a oferta em 133 milhões de toneladas até 2030.

O relatório com os resultados agora divulgado expõe os principais fatores para esta mudança: mais de 85% das maiores marcas de moda anunciaram publicamente os seus planos para descarbonizar as cadeias de aprovisionamento; e há 35 novos pacotes legislativos em todo o mundo que deverão entrar em vigor nos próximos dois a quatro anos.

O Sustainable Raw Materials Will Drive Profitability for Fashion and Apparel Brands destaca que as marcas de vestuário precisam de atuar rapidamente com medidas que permitam aumentar a quota de matérias-primas provenientes de fontes sustentáveis. O estudo acrescenta que as marcas capazes de alcançar essa meta, feitas as contas, terão um aumento médio de 6% nos lucros líquidos durante um período de cinco anos. Uma marca de moda que tenha mil milhões de dólares em receitas anuais, tem potencial para aproveitar uma oportunidade cumulativa de cerca de 100 milhões de dólares ao longo de cinco anos.

“As marcas de moda e de vestuário enfrentam um desafio duplo: devem redobrar a sua aposta na redução das emissões de carbono ao mesmo tempo que se preparam para a legislação emergente”, destaca Jocelyn Wilkinson, sócia da BCG e uma das coautoras do estudo. Segundo Jocelyn, o bom desempenho das duas áreas vai depender de “uma estratégia que ajude as marcas a garantir um fornecimento de materiais sustentáveis ​​para o futuro. E acrescenta que se as marcas implementarem esta ação de imediato irá “compensar”.

O documento indica que, apesar dos objetivos estabelecidos pela indústria da moda, os fornecedores nível 4 ainda não estão suficientemente convencidos de que as marcas se vão comprometer e investir em matérias-primas mais sustentáveis. Portanto, os produtores de matérias-primas não têm neste momento um incentivo para assumir o risco associado ao aumento da sua oferta.

O responsável de moda e artigos desportivos da Quantis, Philipp Meister e a diretora de impacto climático da Textile Exchange, Beth Jensen têm a mesma perspetiva de Jocelyn Wilkinson (BCG), os coautores do estudo concordam que as marcas de moda e vestuário devem investir em estratégias para a utilização de matérias-primas preferíveis o quanto antes, de maneira a garantir “modelos de negócio para um futuro sustentável”.

Isso vai exigir que as marcas repensem os seus portefólios de produtos, fortaleçam as relações com os fornecedores e construam o envolvimento de toda a empresa – tudo isso poderá levar anos.

Philipp Meister, responsável de moda e artigos desportivos da Quantis

Beth Jensen, da Textile Exchange refere também que é necessário as marcas serem destemidas para investir nas relações da cadeia de aprovisionamento que irão “permitir o cumprimento dos seus objetivos climáticos até 2030 – um ano marcante que se aproxima rapidamente”.